• EN
  • Imprimir
  • LinkedIn
  • Facebook
Você está em: Início > "O turismo acessível mais do que uma oportunidade" pela professora Susana Mesquita

"O turismo acessível mais do que uma oportunidade" pela professora Susana Mesquita

O turismo acessível mais do que uma oportunidade

Portugal recebeu, no passado mês de setembro,
o prémio de Melhor Destino Turístico Acessível do Mundo, atribuído pela
Organização Mundial do Turismo, o que me surpreendeu, estando eu ligada a esta
área de investigação. Este prémio, 
na minha opinião, representa o esforço que tem
existido por parte de várias instituições, empresas e, autarquias, nos últimos
anos, em melhorar as acessibilidades num país que tem visto no turismo a
salvação para muitos dos seus problemas. Esta é, sem dúvida, uma temática que
merece ser abordada nas escolas, desde o 1 ° ciclo, pois todos nós, 
direta ou indiretamente iremos sentir, de
perto, as barreiras das acessibilidades. Nos 'últimos anos, o turismo em
Portugal tem apresentado um grande crescimento e estima-se que em 2018 o
consumo turístico tenha representado 14,6% do Produto Interno Bruto, tendo em
2017 o emprego nas atividades características do turismo chegado aos 413 567,
representando 9,0% do total nacional 
(Turismo de Portugal, 2019). Sem
sensibilização e conhecimento não podemos mudar mentalidades e formar
profissionais capazes de acolher os visitantes, principalmente aqueles que
apresentam necessidades especiais. Crescemos num mundo onde a deficiência desde
sempre tem tido uma conotação negativa. Ao longo da história, estes grupos
desempenharam funções consideradas menores e, desde sempre, nos habituámos a
ouvir designações pejorativas a eles associadas. Infelizmente, em pleno século
XXI, estas expressões ainda fazem parte da realidade que encontro, muito
frequentemente, entre muitos jovens e adultos a quem dou formação neste grande
setor que é o turismo. As barreiras de atitude são, a meu ver, as mais difíceis
de ultrapassar. q turismo envolve pessoas com diferentes necessidades, o 
que obriga a uma sensibilização dos
profissionais para esta causa e para a sua real dimensão. Importa identificar
as barreiras existentes, físicas, de comunicação e de atitude, para criar
estratégias que permitam ultrapassar alguns dos constrangimentos sentidos no
dia a dia.



Todos os dias, no exercício da minha atividade
profissional, encontro barreiras de acessibilidade. São cada vez mais os
visitantes que nos procuram com incapacidades, temporárias ou permanentes, mais
ou menos severas, para passarem as suas férias. Questiono-me de que forma esta
distinção irá alterar o panorama com que nos debatemos. Começando aqui mesmo,
no Porto, segunda cidade do país, eleita pela terceira vez consecutiva como
melhor destino europeu, pela European Consumers Choice. Uma cidade com tantos
encantos como barreiras físicas e de comunicação. Aqui, são raros os espaços
que apresentam rampas de acesso, percursos táteis ou pisos mais uniformes que
possibilitem a quem sofre de uma determinada incapacidade de se deslocarem de
forma autónoma e segura. Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença já
que as acessibilidades são um problema de todos 
e trazem benefícios para todos. Portugal está,
a meu ver, longe de ser o melhor destino acessível do mundo, mas que esta
distinção nos incentive 
a querer melhorar e a olhar para esta causa
como sendo de todos.