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"A responsabilidade social corporativa da indústria hoteleira, no desenvolvimento sustentável dos destinos" por Professor Doutor Óscar Silva

Artigo de Opinião

Professor Doutor Óscar Silva fala-nos sobre "A responsabilidade social corporativa da indústria hoteleira, no desenvolvimento sustentável dos destinos", no seu artigo de opinião publicado no semanário Vida Económica.

"A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) no turismo e na hotelaria tem vindo a ganhar destaque, quer na comunidade empresarial, quer académica. A quantidade de estudos e aplicações práticas de RSC e de desenvolvimento sustentável vem crescendo, devido à necessidade desta indústria se desenvolver conciliando, a manutenção do ambiente natural e das identidades sociais e culturais do local onde se inserem. Segundo Barker (1990), alguns hoteleiros do segmento de luxo nos EUA a partir da década de 90, passaram a preocupar-se mais com a conservação das características originais da área recetora onde estavam instalados. Com isso, as ações como - limpeza de praias, projetos de educação ambiental, proteção de espécies autóctones, proteção do património histórico, e melhorias para as comunidades residentes - passaram a ser decorrentes. A principal causa na mudança de comportamento ocorreu, porque esses empresários perceberam que os problemas ambientais e sociais, também influenciavam a procura e, por sua vez, a lucratividade dos seus negócios. Constatavam estes, que os clientes não só estavam cada vez mais exigentes em relação a essas "causas" como preferiam alojar-se em locais que tivessem o "espírito do local". Assim, as ações de RSC podem ser vistas numa perspetiva estratégica "win-win", logo com vantagens competitivas.
 
Noutros estudos mais recentes realizados em diferentes partes do mundo, constata-se que as empresas hoteleiras, valorizam muito os impactos positivos económicos, que o seu empreendimento traz para a área recetora, em detrimento das ações sociais a realizar. No estudo desenvolvido por Prayag (2010), sobre a perceção dos hoteleiros de uma ilha na África do Sul em relação aos seus impactos do turismo, constata-se que os inquiridos têm noção que a atividade dos seus empreendimentos, traz impactos negativos ao ambiente, que, na opinião destes empresários, as responsabilidades devem ser assacadas e divididas entre o setor privado e o governo. Para isso, é necessário mais cooperativismo entre empresas públicas e privadas, tendo o estado um papel de charneira e decisivo como regulador. Outros estudos (Sharpley 2000 e Bianchi 2004), relatam as dificuldades de aplicação dos princípios do turismo sustentável no contexto social, e observam que os decisores políticos ainda veem a sustentabilidade com as persistentes preocupações com a proteção do ambiente físico (Dodds. 2007). Assim como percebeu Barker (1990), para eles, a RSC para o marketing tem uma visão mais utilitária (aumentar lucros de alguma forma). Além disso, normalmente, as ações de RSC são voluntárias, mas com o objetivo de se distanciar da censura social e de sentimentos de culpa. Entretanto, Dief e Font (2009) perceberam que tais orientações, foram mais comuns nos hotéis de cadeias internacionais, justificando que as estruturas formais são importantes para promover a ética no ambiente, por meio da utilização de instrumentos, como códigos de ética e boas práticas nos seus processos de formação interna. Outros exemplos de RSC em cadeias hoteleiras internacionais:
 
  • Sol Meliá Hotels & Resorts - Combate a violência sexual contra crianças e adolescentes, feito em parceria com a CEDECA (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan). O auxílio também é obtido por meio da sensibilização dos colaboradores e clientes da empresa (LUCANIA 2008). 
  • Resort Starfish, também operado pelo SuperClubs - Geração de empregos na região, com vagas como: auxiliares de cozinha e de alojamento, cozinheiros, monitores e coordenadores de animação, técnicos de manutenção, supervisores de área/departamento (LUCANIA. 2008).
  • Rede Accor - Realiza diversas ações sociais e ambientais tais como: desenvolvimento local, proteção à infância, luta contra epidemias, alimentação equilibrada, plantação de árvores. economia de água e energia. 
Concluindo, e como cita Barros (2000), por exemplo na última década, as ações de RSC têm-se intensificado em diversos países e alguns hotéis de luxo como o Sheraton e o Intercontinental, costumam arrecadar dinheiro proveniente dos seus clientes/hóspedes, para investirem em projetos sociais em comunidades carentes. Ou seja, percebe-se hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, um papel importantíssimo da hotelaria internacional de inserir os conceitos de RSC e de sustentabilidade na cultura organizacional, também como forma de sinergia dos diversos interesses instalados (públicos/privados), na gestão e renovação de um melhor destino turístico."

- in Semanário Vida Económica, 24 de novembro de 2017