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Internacionalização Digital, por Professor Luís Ferreira

Artigo de Opinião publicado no semanário Vida Económica

À medida que a economia se despede do átomo para abraçar intensamente o modelo baseado nos dígitos binários eletrónicos, a quarta revolução industrial acontece. Ao contrário das precedentes, esta revolução não nasce da disrupção de apenas uma tecnologia, mas encontra escala e amplitude na complexa fusão de vários mundos ¿ o físico, o biológico e o digital.
Não é só a forma como geramos riqueza que se altera; tal como aponta o Fórum Económico Mundial, ¿estamos a bordo de uma revolução que transformará radicalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos¿.
Tendo esta disrupção potencial para melhorar as economias, as sociedades e o meio ambiente, tudo aponta para que, por volta de 2022, 60% do PIB mundial seja digital. Temos ainda oportunidade para criar um futuro inclusivo e sustentável, se ela evitar exacerbar a exclusão, maior concentração de poder e riqueza e intensificar a instabilidade social.
Esta nova era, alterando por completo a organização e os desafios das economias, suscitando novos fatores de competitividade às organizações e às pessoas, parece ser particularmente saudável para a competitividade da economia portuguesa.
As tecnologias digitais, das redes sociais à cloud, da mobile computing à big data, passando inevitavelmente pela Internet das Coisas (IoT), são facilitadoras e catalisadoras de oportunidades de negócio que podem beneficiar a estrutura e a especialização do nosso tecido empresarial.
Para convenientemente aproveitarmos esta onda, teremos que resolver algumas barreiras que limitam o seu potencial. Desde logo a disponibilidade e o acesso a financiamento: primeiro, contrariando a cultura vigente mais conservadora, facilitando o empreendedorismo nas fases iniciais e de maior risco; depois, em momentos mais maduros, gulosos por avultados recursos financeiros para dar escala aos negócios.
A sustentabilidade dos processos de inovação é outro desafio crucial na nova ordem económica. Sendo esta limitação particularmente sensível à dinâmica e vitalidade dos ecossistemas de inovação e empreendedorismo tecnológico, Portugal parece ter criado bases sólidas para aproveitar o contexto internacional favorável ¿ assim se consiga manter.
Desenganem-se aqueles que creem que a tecnologia resolverá tudo; exemplos bem recentes demonstram que a gestão do capital humano é outro ingrediente essencial, sendo sucesso sinónimo de capacidade de atrair e gerir talento alinhada com cultura e propósito empresariais muito claros e fortes.
Por último, a internacionalização digital. A transformação digital vem expondo à concorrência internacional cada vez mais setores e empresas de diferentes dimensões, reduzindo a importância da presença física enquanto vantagem competitiva. Sem redutos onde se esconderem, às empresas importa ter muito claro que a crescente complexidade dos mercados e a emergência de novos modelos obrigam ao realinhamento dos negócios, que deverão ser (re)construídos com novas vantagens competitivas, onde imperam o digital e o ¿mobile¿.
Empreendedores ágeis e ousados, de visão global e ação local, estão a conduzir a renovação do tecido empresarial português. Aproveitam novas oportunidades de mercado através da digitalização das vantagens competitivas e da cuidadosa seleção das formas de internacionalização. Aqueles que mais rapidamente adaptarem os seus modelos de negócio sairão vencedores da nova vaga de globalização.